Como ‘I’m Still Here’, indicado ao Oscar, pode responsabilizar os militares do Brasil


“Eu ainda estou aqui” – o candidato ao Oscar Melhor Filme sobre o assassinato de um congressista brasileiro pela ditadura militar do país – conclui com uma única frase que oferece um soco de realidade histórica: os cinco soldados acusados ​​no assassinato nunca foram punidos por causa das leis que lhes concediam uma amlóptero.

Agora o filme pode ajudar a mudar isso.

Este mês, a Suprema Corte do Brasil decidiu por unanimidade revisar se deveria revogar a anistia dos oficiais do Exército acusados ​​de matar o congressista, Rubens Paiva e outros dois. Isso se seguiu a uma decisão de dezembro de uma justiça de recomendar a remoção de proteções de anistia em um caso separado da era da ditadura. Em sua decisão, a justiça citou explicitamente “eu ainda estou aqui”.

O repentino e extraordinário acerto de contas judiciais que o filme provocou pode ter implicações legais abrangentes: a lei de anistia do Brasil, como por quase meio século, continuará a proteger aqueles que cometeram atrocidades durante a ditadura?

O fato de que a pergunta está sendo levantada agora mostra como “eu ainda estou aqui” – além de seu Notável sucesso comercial e crítico – também teve um grande impacto político no Brasil.

E desde o lançamento do filme em novembro, as autoridades revisaram os atestados de óbito das vítimas para deixar claro que morreram nas mãos das forças armadas e para reabrir casos frios para ver se estavam conectados ao regime militar.

“O Brasil ainda tem muitas feridas abertas”, disse o filho de Paiva, Marcelo Rubens Paiva, cujo livro sobre o manuseio de sua mãe sobre o desaparecimento de seu pai inspirou o filme. “Acho que todo esse movimento fez da sociedade, especialmente os jovens, refletir sobre que tipo de país eles querem”.

Através da história pessoal da provação de uma família nas mãos da ditadura, o filme conseguiu atravessar linhas políticas e reunir brasileiros em torno da idéia comum de justiça, disse Fernanda Torres, cuja representação de eunice, a viúva do Sr. Paiva, ganhou a acolhedora e a nomeação de uma melhor atriz na academia de Paiva.

“Isso não acontece há muito tempo – um fenômeno cultural em torno do qual todos concordamos que não é justo, que essa família não merecia, esse pai não merecia o destino que ele tinha”, disse Torres em entrevista. “Estamos realmente vivendo em um momento de revolução”, acrescentou. “A cultura tem imenso poder.”

A mensagem do filme foi feita especialmente arrepiante porque chegou em meio a novas alegações de ameaças modernas à jovem democracia do Brasil do ex -presidente Jair Bolsonaro, que foi cobrado este mês com a supervisão dos planos de encenar um golpe e Mate seu rivalPresident Luiz Inácio Lula da Silva, after losing the 2022 elections.

Isso ajudou a expandir os pedidos de justiça. Caetano Veloso, um dos cantores e compositores mais prolíficos do Brasil, disse em uma entrevista que, em seus shows mais recentes, as enormes multidões adotaram o canto “sem anistia” – uma referência aparentemente às leis que protegem a ditadura, mas também a novos projetos de lei que poderiam proteger o Sr. Bolsonaro.

“Eu nunca vi isso”, disse Veloso, que foi preso e exilado durante a ditadura.

Grupos de direitos humanos estimam que mais de 400 pessoas desapareceram à força e cerca de 20.000 foram torturados no Brasil durante a ditadura. Mas, diferentemente do Chile ou da Argentina, onde muitos crimes cometidos sob ditaduras militares resultaram em julgamentos e punições, e os pedágios da morte eram muito mais altos, o Brasil não seguiu responsabilidade pelas atrocidades de seu exército.

Paiva, um congressista de esquerda, foi expulso do cargo pela ditadura, mas continuou resistindo ao regime e foi acusado de trocar cartas com dissidentes no exílio.

No Brasil, a transição de volta para a democracia foi amplamente moldada pela própria junta militar, que aprovou uma lei de anistia em 1979, protegendo os dissidentes e oficiais militares da acusação.

“A anistia, da maneira que foi feita no Brasil, apagou o passado”, disse Nilmário Miranda, um consultor especial sobre memória e verdade do ministério dos direitos humanos do Brasil, que disse que ele próprio era vítima de tortura. “Tratou os autores como suas vítimas, torturadores como os torturados.”

As tentativas de responsabilizar os militares por crimes da era da ditadura ao longo dos anos enfrentaram a forte resistência das forças armadas, que continuaram a sustentar o tamanho político, mesmo após o retorno do Brasil à democracia.

Mas agora o filme ajudou a iniciar talvez a ameaça mais significativa à impunidade que os militares foram concedidos.

Em dezembro, o juiz Flavio Dino citou o filme em uma decisão para revogar a anistia dada a dois coronéis acusados ​​de matar ativistas políticos durante a ditadura. “Eu ainda estou aqui” “mudou milhões de brasileiros”, escreveu ele. “A história do desaparecimento de Rubens Paiva, cujo corpo nunca foi encontrado ou recebeu um enterro adequado, destaca a dor duradoura de inúmeras famílias”.

O juiz Dino endossou um argumento legal de que, em qualquer caso em que os órgãos ainda faltem, é um “crime permanente” aberto à acusação até que os restos sejam encontrados.

No início deste mês, a Suprema Corte também decidiu revisar se deveria revogar a anistia no caso do Sr. Paiva. Em 2014, as autoridades brasileiras acusaram cinco homens de tortura e morte; Eles nunca confessaram um crime. Dois deles ainda estão vivos e permaneceram em silêncio, com um dizendo aos promotores que ele estava de férias durante a detenção de Paiva, uma reclamação refutada por documentos desse período.

A decisão da Suprema Corte no caso pode estabelecer um precedente legal que poderia afetar pelo menos 41 outros casos da era da ditadura.

Em um gesto simbólico, um órgão federal ordenou a revisão de 434 atestados de óbito para pessoas que foram mortas ou desapareceram durante a ditadura. O Sr. Paiva foi o primeiro recorde a ser corrigido, da listando nenhuma causa de morte até citar a causa como “não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”.

Creditando o filme, uma comissão especial do governo também reabriu uma investigação sobre a morte de 1976 em um acidente de carro do ex -presidente Juscelino Kubitschek, citando evidências de que poderia ter sido orquestrado pela ditadura militar.

“O papel do filme foi extraordinário”, disse Miranda. “A arte tem esse poder”, acrescentou, para garantir que “a história não seja esquecida, para que nunca aconteça novamente”.

Sr. Bolsonaro, um capitão aposentado do exército que costuma ter falou com carinho Da ditadura, atacou repetidamente “Eu ainda estou aqui”, lançando -o como um filme político que demoniza os militares e mostra apenas “um lado” da história.

“Eu nem vou assistir ao filme dela”, disse ele em entrevista ao The New York Times no mês passado, quando perguntado se ele estaria torcendo pela Sra. Torres no Oscar de domingo.

Alguns dos apoiadores do Sr. Bolsonaro boicotaram da mesma forma que “eu ainda estou aqui” e se opuseram aos esforços para levar os militares à justiça por crimes passados.

Lula, por outro lado, elogiou o filme, chamando -o de “fonte de orgulho nacional” e criando um prêmio Honrando Eunice Paiva. Esta semana, presidente do Brasil coletado Ministros do governo e líderes do Congresso, bem como dois netos de Paiva, no Palácio Presidencial para uma exibição especial.

No entanto, mesmo quando o Brasil considera com seu passado sombrio, alguns temem que a justiça esteja chegando tarde demais. Nas décadas desde o retorno do Brasil à democracia, muitos que cometeram crimes durante a ditadura – incluindo a maioria dos torturadores do Sr. Paiva – morreram sem nunca serem responsabilizados.

“Melhor tarde do que nunca”, disse Marcelo Rubens Paiva. “Mas por que demorou tanto?”

Flávia Milhorance Pesquisa contribuída.



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