Guterres alerta para aumento de casos de terrorismo em mares e oceanos


Sob a presidência da Grécia, o Conselho de Segurança da ONU realizou nesta terça-feira um debate aberto de alto nível sobre segurança marítima.

No encontro, o secretário-geral, António Guterres, afirmou que os espaços marítimos estão cada vez mais sob pressão de “ameaças tradicionais e perigos emergentes”.

Um contêiner de transporte navega perto de Seattle, Estados Unidos

Um contêiner de transporte navega perto de Seattle, Estados Unidos

“Sinal de socorro”

Segundo ele, “as rotas marítimas do mundo e as pessoas que dependem delas estão pedindo socorro”.

Guterres citou desafios como a contestação de fronteiras, esgotamento dos recursos naturais no mar, aumento das tensões geopolíticas, competição, conflito e crime.

O líder das Nações Unidas enfatizou que o terrorismo nos mares representa uma “ameaça significativa à segurança internacional, ao comércio global e à estabilidade econômica”.

Ele declarou que o problema está piorando.

Alta de 47,5% em incidentes de pirataria e assalto

De acordo com a Organização Marítima Internacional, OMI, os incidentes de pirataria e assalto à mão armada tiveram forte alta, de 47,5%, no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024.

Na Ásia esses crimes quase que dobraram, especialmente no Estreito de Málaca e em Singapura.

No Mar Vermelho e no Golfo de Áden, os ataques dos houthis a embarcações comerciais interromperam o comércio global e aumentaram as tensões em uma região já volátil.

Guterres lembrou que o Golfo de Áden e o Mar Mediterrâneo continuam sendo alvo do contrabando de migrantes e do tráfico de armas e seres humanos.

Tráfico de drogas e ataques cibernéticos

Ele citou também o Golfo da Guiné, que sofre com pirataria, sequestros, assaltos à mão armada no mar, roubo de petróleo, pesca ilegal, tráfico de drogas, armas e pessoas.

Além disso, a heroína que sai do Afeganistão também chega por via marítima à África Oriental, através do Oceano Índico. Já a cocaína atravessa as costas do Hemisfério Ocidental e o Oceano Atlântico até a África Ocidental e portos europeus.

O secretário-geral adicionou que os ataques cibernéticos são uma ameaça crescente à segurança de portos e companhias de navegação.

Homens atracam em um barco de pesca mauritano, conhecido como piroga

Acnur/Ana Carolina Pinto Dantas

Homens atracam em um barco de pesca mauritano, conhecido como piroga

Três prioridades

Guterres pediu mais ação dos países no respeito ao direito internacional, tendo a Carta das Nações Unidas e a Convenção sobre o Direito do Mar como “âncoras da segurança marítima” e base para cooperação no combate a crimes no mar.

Ele também pediu reforço de ações para reduzir a probabilidade de que pessoas desesperadas recorram ao crime e a outras atividades que ameaçam a segurança marítima e o ambiente oceânico. Isso inclui apoio a comunidades costeiras empobrecidas para gerar oportunidades de trabalho decente e sustentável.

Por último, o chefe das Nações Unidas pediu o fortalecimento de parcerias entre todos que atuam nos espaços marítimos, incluindo comunidades costeiras, governos, blocos regionais, empresas de navegação, indústrias pesqueira e extrativa, seguradoras e operadores portuários.

O primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis preside a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o reforço da segurança marítima

O primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis preside a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o reforço da segurança marítima

Elevação do nível do mar e as condições climáticas extremas

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotaki, declarou que as Nações Unidas estão no centro dos esforços internacionais para proteger e preservar os oceanos.

Ele ressaltou que 80% do volume do comércio internacional é transportado por mar e que além de ameaças como tráfico, terrorismo e pirataria, o setor também enfrenta a elevação do nível do mar e as condições climáticas extremas, que “podem distorcer as operações portuárias e as rotas de navegação”.

A presidente do Conselho de Administração da União dos Armadores Gregos, Melina Travlos, também esteve presente no Conselho de Segurança e afirmou que as embarcações gregas representam mais de 20% da frota global e 61% da frota da União Europeia.

Ela disse que os mares são a “força vital do comércio e da estabilidade globais” e citou um estudo que revela que se o sistema global de transporte marítimo parasse, a economia mundial entraria em colapso em 90 dias.



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